A minha filha M. ficou acordada até mais tarde porque queria ver o documentário que a RTP1 iria passar sobre imagens feitas pelos aliados aquando da libertação dos campos de concentração nazis. Por ter passado tarde, acabou por não o ver. Eu vi e fiquei com dúvidas sobre se ela o deverá ver ou não. Bem sei que um documento histórico, como os que serviram de base a este documentário, é sempre importante para melhor compreender uma realidade. Mas este, que levantou questões interessantes sobre a divulgação, ao tempo, dos filmes então realizados; e que a RTP passou sem bolinha vermelha ao canto do ecrã, é demasiado definitivo. Uma mãe não deveria nunca ter que ajudar um filho a lidar com os sentimentos que aquelas imagens, por certo, suscitarão. Porque elas são demasiado reais e irreais e reais novamente, numa espiral de incompreensão que, por mais voltas que se dê, nunca terão qualquer paralelo com nada do que o nosso pensamento possa alcançar. Eu não lhe vou conseguir dizer grande coisa quando ela me questionar. Ninguém conseguirá certamente. Tantos anos de civilização e o ser humano ainda nos é tão desconhecido.
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