sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Uma boa compra

Os sapatos e botas pendurados à porta lembram-nos formas de exposição dos produtos que há muito foram substituídas pelas aprendidas em cursos de formação na área do vitrinismo. 
Lá dentro, a confusão de caixas em prateleiras e no chão fazem-nos imaginar que aquilo que pretendemos não irá ser encontrado. No entanto, surpreendentemente, a dona do estabelecimento que é, simultaneamente, empregada vai direita a uma caixa e dela tira o modelo e número das botas que, depois de experimentadas, se constata serem "mesmo aquelas".
Enquanto me atende, o seu marido, também na casa dos setenta e que com ela partilha a espera dos clientes, naquele espaço onde o cheiro do couro prevalece, permanece sentado a ouvir o rádio que já estava ligado quando entrei. Entre dois dedos de conversa, fico a saber que vieram, há muitos anos, da zona da Lousã para Lisboa e que, quando deixarem de trabalhar, ninguém dará continuidade ao negócio. 
E não se trata de defender algo que está condenado e não tem qualquer razão de existir nestes tempos de grandes grupos económicos cujas lojas, embora com diferentes nomes, vendem os mesmos produtos, fabricados em lugares distantes. Não! No dia anterior tinha tentado comprar umas botas daquele tipo noutro local e, além de serem muito mais caras, não tinham metade da qualidade que estas que agora levo, num saco sem qualquer logótipo, têm.

2 comentários:

  1. São os últimos resistentes do comércio tradicional. Ainda se consegue
    encontrar mesmo em Lisboa algumas lojas que ainda vendem algum
    produto nacional, cada vez mais raro. É pena!
    M.Júlia

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    Respostas
    1. Vão existindo algumas, sim. Com tendência a desaparecerem, infelizmente.

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