Parece que sempre se vai concretizar a trasladação do corpo de Sophia de Mello Breyner Andresen para o Panteão Nacional. Se pensarmos que esse é um acto que pretende homenagear figuras marcantes para o nosso país, a decisão faz sentido. A família também concordou com a ideia de reforçar o reconhecimento da importância desta mulher que diz muito aos portugueses amantes de poesia.
Mas não posso deixar de pensar que aquele local, com toda a sua imponência de mármore gelado, é demasiado frio. O céu parece longínquo, com o enorme zimbório lá no alto. Algumas salas apresentam-se nuas, com os cenotáfios que pretendem lembrar figuras que os turistas (a maioria esmagadora dos visitantes) não perdem tempo a saber quem são.
É certo que a trasladação do corpo de Amália Rodrigues alterou um pouco essa situação. Desde essa altura que vemos, junto ao seu túmulo, o colorido das flores e que os seus fados ecoam por todo o edifício, causando até alguma estranheza. E daqui a algum tempo teremos também os cachecóis encarnados, quando Eusébio estiver também neste lugar.
Não sei se dentro de alguns meses ouviremos poemas de Sophia declamados naquele ambiente barroco que, nem sei bem porquê, não consigo associar à autora, que vejo mais em dias de sol junto ao mar; mas parece-me que todo este movimento fará com que mais portugueses visitem este espaço, imponente, como certamente se espera de um panteão, tornando-o mais humano, mais perto da terra, mais perto de nós.
Sim, será uma boa publicidade para o espaço. De resto, sinceramente, não vejo razão para figuras dessas irem para o Panteão (sem prejuízo para o seu valor). Acho que um sítio desses se deveria ficar por figuras reais, bispos e cardeais.
ResponderEliminarApesar de não ser tão taxativa confesso que também me faz uma certa impressão. A última vez que lá fui, no final do ano passado, achei estranho. Mas isto é só uma sensação minha...
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