quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ver e fotografar

A minha máquina fotográfica está a ser reparada e por isso não tenho hipótese de ir tirando umas fotografias por aí. A fotografia digital tem destas coisas. Tiramos fotografias sem olhar a quantidades, sem ajustar qualidades, confiando que, em 10 ou em 20, alguma há-de escapar. Mas a ânsia de fotografar não se poderá sobrepor ao prazer da observação não mediada pela lente. A não ser em situações especiais, por exemplo, profissionalmente, este deverá vir em primeiro lugar e só depois dispararemos. 
Vem isto a propósito de ter visto hoje, novamente, naqueles autocarros de turismo que percorrem as ruas da cidade, alguns turistas que, com a preocupação de não conseguirem registar tudo, não largam as câmaras fotográficas ou as de filmar que, à altura dos olhos, não lhes permitem ver ao vivo, tudo o que verão mais tarde, no ecrã do computador.
Fazer o registo "para mais tarde recordar" é importante. Mas viver os locais também me parece indispensável.

8 comentários:

  1. Um dilema real, sem dúvida.

    Dispensar a mediação de instrumentos
    na actividade de pura vivência e observação
    proporciona uma experiência completa, única, singular.

    Por certo, documentar, repetir, analisar
    tem a sua utilidade e pertinência.

    Mas nada compõe melhor
    a personalidade

    do que a experiência directa
    do mundo real das coisas,
    das pessoas e palavras...


    :)

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  2. Já alguém escreveu, antes da fotografia digital:

    «They have something to do that is like a friendly imitation of work: they can take pictures.»

    «Unsure of other responses, they take a picture»

    Aqui.

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  3. Apetece-me fotografar alguns locais e realidades, a prudência recomenda que não o faça...

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  4. E eu, Vasco, sou das que ando sempre de máquina atrás... (só de vez em quando à frente :))

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  5. Bela ideia trazeres aqui este texto, Beijokense :) Mais tarde tenciono lê-lo com mais atenção. As ideias nele contidas fazem muito sentido.

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  6. Pois... deves presenciar situações bem interessantes, António. Sempre podes escrever os teus instantes não fotográficos. :)

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  7. Os autocarros abertos propiciam estas situações, Daniel. Mas há muitos que abusam...

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