sexta-feira, 3 de junho de 2011

100 anos a educar


A citação é de António Sérgio e podemos lê-la na Exposição Educar - Ensino para todos. Ensino na I República, em Lisboa, no Palácio Valadares, até 30 de Junho.
Calhou ter sido no Dia Mundial da Criança que a fui ver. O Largo do Carmo estava lindo com os seus jacarandás em flor. Cá fora um grupo de crianças cantava no que parecia ser uma actividade que comemorava o dia. 
A exposição, integrada nas comemorações do centenário da República, é bastante interessante e dá conta da importância dada à Educação pelos governos republicanos. O investimento em infraestruturas, em material e em recursos humanos foi extraordinário pois entendia-se que os cidadãos só seriam capazes de construir um futuro em liberdade se tivessem os instrumentos necessários para compreenderem o mundo à sua volta. Nessa altura o acesso à escola era mais dificultado do que agora. No entanto custa perceber que, 100 anos depois, estamos longe de cumprir os objectivos iniciais.

3 comentários:

  1. Ana, vou ser um pouco polémico, não contigo obviamente, tão pouco perante o legado de António Sérgio, mas sobre Portugal... Um país que comemora o centenário da República, é um país de palhaçada, de faz de conta, que gosta de festas e inaugurações, não se inibindo na exposição a ridículo, desde que tenha fogo de artifício, balões e folclore. Obviamente que não contesto a bondade de alguns revoltosos do 5 de Outubro, como no 25 de Abril e provavelmente até no 28 de Maio, tenha existido quem ingénua, mas de forma genuína, acreditasse num país melhor. Não sou monárquico, bem pelo contrário, converto-me no dia em que alguém espetar uma agulha à minha frente e me demonstrar que o sangue é azul, até lá, para mim todos nascemos iguais. Devemos assinalar as efemérides, até para que todos possam compreender a história, perceber como chegámos aqui. Mas comemorar, celebrar, o centenário da República, é ir um pouco longe de mais, basta ler os ideais dos revoltosos, que os próprios não cumpriram, alguns não passavam de verdadeiros canalhas, como temos outros nos nossos dias, mas os da I República tinham algo mais, alguns também eram assassinos. Foi aliás essa bandalheira, que levou a que a "Democracia" ficasse interrompida, não apenas por alguns meses, mas por 1 ano, estou a falar de Sidónio Pais. Acrescente-lhe mais 48 anos de Estado Novo, em que a República não existiu, é verdade que sempre tivemos um Presidente, mas não passava de um fantoche. Logo, falar em centenário da República, quando no mínimo, para ser generoso, 50 anos foram passados com privação da Liberdade, é uma aberração. Afirmo isto, quando sem problema algum digo a alguns monárquicos, que também eu gostaria de ver referendado o regime, poderíamos debater se a República seria melhor ou pior que a Monarquia, e poderiam esquecer o meu voto, até que me mostrassem o tal sangue azul. Só não gosto é de bandalheira nem hipócrisia. Para finalizar, peço desculpa por ter aproveitado um post para expor um pensamento que tenho vindo a afirmar, e respeitosamente me curvo perante a memória de António Sérgio, que nada tem que ver, com o estado a que isto chegou...

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  2. Fizeste bem, António. Tenho a certeza que aquilo que pensas é comum ao pensamento de muitos. Penso que percebo as intenções pedagógicas de quem organiza estas comemorações. Mas também sei que não se deve deixar de mostrar o lado pior de um regime que, como dizes, tem muito de que se envergonhar. A exposição sobre os 100 anos da República, que esteve na Cordoaria, mostrava os vários momentos. Apesar de tudo estou mais de acordo com os fundamentos da República que com os da Monarquia. http://diasimperfeitos.blogspot.com/2010/10/5-de-outubro-sempre-ou-como-os-regimes.html#comments

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  3. Apesar de tudo estou mais de acordo com os fundamentos da República que com os da Monarquia.

    Eu também, assinaria um referendo já, obviamente a ser realizado após um debate que poderia demorar algum tempo, e votaria na República, regime que infelizmente nunca se legitimou, quando nada há a temer. Mas República, verdadeiramente só existe desde 1976, o resto foi outra coisa qualquer... Com todos os defeitos que os nossos governantes possam ter, pelo menos foram eleitos de forma livre!

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