domingo, 12 de setembro de 2010

"Não há nada como a juventude"

As nossas casas são, para nós, um pequeno mundo. Normalmente sentimo-nos bem e em segurança dentro delas. Mas há quem esteja preso em casa, cumprindo uma pena a que ninguém condenou.
Por motivos profissionais cruzo-me com muitas destas pessoas e por isso esta realidade é-me familiar. Mas nem mesmo assim deixo de me surpreender pela capacidade de sobrevivência na solidão, portas adentro.
Este documentário merece ser visto porque de alguma forma somos nós que ali estamos. Mas só o sentiremos daqui a alguns anos.


A estreia está marcada para dia 16 e em Lisboa estará no Cinema City Classic Alvalade.

8 comentários:

  1. "Envelhecer não se resume apenas a uma decomposição e um definhamento. Possui, tal como qualquer dos estádios da vida, os seus próprios valores, o seu próprio encanto, a sua própria sabedoria, a sua própria tristeza; em tempos de uma cultura em certa medida florescente foi com alguma razão que se demonstrou um determinado respeito pela idade, sentimento esse que hoje é granjeado pela juventude. Deixemos de lhes levar isso a mal, porém não devemos permitir que ninguém nos convença de que a idade não vale de nada."
    (Hermann Hesse, in Elogio da Velhice)

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  2. Não é fácil envelhecer hoje em dia...cada vez se está mais só. Deixou de ser um problema do interior mas já é um mal geral ! Quantos há abandonados a sua sorte nas ruas da cidade , quantos mesmo dentro de sua casa tem na solidão a sua companhia diária, quantos estão abandonados em lares, outros abandonados nos hospitais...envelhecer assim é muito triste ! Envelhecer já não é muito bom ( falo por mim ) mas assim...

    Cumprimentos,


    Luis

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  3. Não há nada como a juventude, disse a senhora. E disse toda a verdade, fala quem sabe, seguramente.
    Envelhecer é uma chatice. Mataria a minha Velhice, se fosse um ente palpável. A única coisa que me resta é recusar-me a envelhecer. Terminantemente.

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  4. É claro que a idade tem valor, A.C. Também é claro que é algo de contraditório o facto de apenas quando somos velhos termos a percepção correcta do que é ser velho o que nos impede, até lá, de assumirmos como certas as qualidades de que fala este texto de H. Hesse.

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  5. Como é óbvio, Luís, ainda não vi o documentário. Mas, pelo que percebo, ele incide sobre a realidade das pessoas que têm apoio domiciliário por parte de técnicos, por exemplo, da Santa Casa da Misericórdia. Mas há ainda os que nem capacidade têm para se organizarem de modo a poderem usufruir desse apoio. E a maior dificuldade, a maior parte das vezes, é, como diz, a solidão.

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  6. Bem, Paulo, a não ser que não se consiga ou não se queira chegar lá, todos seremos velhos. Penso compreender o que diz mas não sei se a recusa em envelhecer será a melhor atitude. De qualquer forma suponho que cada um lida com a questão à sua maneira. Ver nela os aspectos positivos é importante. Mas suponho que isso não está longe do que queria dizer. :)

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  7. .
    O meu conhecimento sobre estas situações, e cada uma é diferente de todas as outras, advém do meu trabalho de voluntariado, e algumas dificuldades surgem quando preparo a formação de outras pessoas que se voluntariam para fazer companhia, pequenos passeios, etc., precisamente porque não há dois casos nem duas situações iguais, porque o centro da nossa atenção é a pessoa e, como todos sabemos, cada uma tem a sua maneira própria de lidar com o que a vida lhe proporciona.
    Beijinho.

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  8. Sim, é verdade que "cada caso é um caso" mas os problemas, esses devem-se agrupar para podermos pensar neles. Admiro o seu trabalho de voluntariado mas sei que as Ajudantes Familiares têm alguma formação e que era importante a profissionalização, atendendo à realidade demográfica nos tempos mais próximos. Beijinho também para si.

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