O Estádio Nacional, localizado no concelho de Oeiras, é mais do que o estádio propriamente dito. Ele engloba diversas áreas, algumas ligadas a desportos em particular, outras sendo apenas de utilização livre. Ora é exactamente numa dessas áreas que o Instituto de Desporto de Portugal, em parceria com o Instituto de Turismo de Portugal e a Federação Portuguesa de Golfe querem implantar um campo de golfe de 18 buracos, que irá ocupar uma área de 22 hectares, com um custo de construção previsto de 6 milhões de euros! A pista de corta-mato desaparecerá e a área será vedada pelo que a população em geral deixará de ter acesso a esses terrenos.
Para além disto as obras, que já começaram, implicam o derrube das árvores que aí existem para não falar dos gastos com água para manter mais um campo de golfe. E o rio Jamor?
Foi com muitas dúvidas e poucas respostas que "um grupo de amigos do estádio nacional" decidiu fazer alguma coisa! Para já foi entregue no tribunal uma providência cautelar, que foi aceite hoje pelo que, até ser julgada, as obras estarão suspensas.
Este movimento é importante e demonstra que há cidadãos interessados em defender a possibilidade de todos usufruirmos de um espaço que foi criado exactamente para todos.
Por morar muito perto, muitas horas da minha infância foram passadas no Estádio Nacional. Mais tarde, foi aí que iniciei a minha vida profissional, enquanto técnica da Divisão de Habitação da Câmara Municipal de Oeiras, que libertou aquela zona das casas pré-fabricadas e barracas que existiam naquele local.
Algumas áreas do Estádio Nacional, aparentemente por questões de segurança, foram já vedadas há anos. Pelos vistos, por este andar, prevê-se que, no futuro, o acesso seja tão restrito que poucos tenham o prazer de dele desfrutar.
No entanto, não posso deixar de pensar que a ideia de o subtrair a uma utilização mais alargada tenha a ver, também, com a percepção que as entidades agora envolvidas no processo terão, ao verificar que, na maior parte do tempo, mesmo durante o fim de semana, não se vê vivalma. De facto, os hábitos de lazer das populações, mesmo as que residem perto, não incluem passar algum tempo neste espaço. E aí todos nós temos uma quota parte de responsabilidade. Eu própria faço mea culpa.
Mas também é verdade que o papel das entidades públicas, em casos destes, deverá ser a criação de estratégias para levar mais gente a usar estes espaços e não, a enormes custos para todos, torná-los acessíveis apenas a alguns!
Sabias que o Pinto da Costa chama a esse estádio o "Estádio de Oeiras"?
ResponderEliminarJCG
Quando foi inaugurado, em 1944, ele era uma grandiosa obra do estado (novo)e, por isso, nacional assentava-lhe bem. Agora, com tantos estádios, com outras dimensões, em tantas cidades, percebe-se o que o Pinto da Costa quer dizer.
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