sexta-feira, 22 de maio de 2015

Arquitectura das palavras

"A mí me gusta mucho el lenguaje simple. Hay que intentar simplificar. Yo dedico mucho más tiempo a simplificar que a escribir. Si puedo decir algo en cinco palabras en vez de en quince lo digo en cinco. Suelo citar una historia de un escritor clásico que escribió una carta muy larga a un amigo y al final puso: "Pido disculpas por esta carta tan larga; no he tenido tiempo de hacerla más corta". Ahí está la síntesis de mi metodología. Con esa simplicidad intento que mis libros sean lo más densos posible, concentrando mucho la energía y las ideas en poco espacio. Si tengo una idea que ocupa cien metros cuadrados, mi trabajo ha de ser mantener la idea pero ponerla en diez metros cuadrados, después en diez centímetros cuadrados y por último en un centímetro cuadrado. Para mí es fundamental que el lector pueda coger esa idea y desdoblarla como si desdoblara un lienzo...
... Para mí cada frase tiene que decir algo sustantivo. Escribir una frase es una responsabilidad. Creo que hay que escribir una frase solamente si tienes algo que decir."

Gonçalo M. Tavares, numa entrevista aqui.

A flexibilidade e a polivalência no início do séc. XX

- Quando eu era nova (há 60-70 anos) havia no bairro uma mulher que fazia tudo: era parteira, organizava casamentos, tratava dos velórios, vestia os mortos…

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Catarina era o seu nome

Foi em 19 de Maio de 1954 que Catarina Eufémia foi morta. Discussões à parte (entre os que defendem que esta mulher pertencia, na altura, ao Partido Comunista Português e os que defendem que o partido se apoderou da situação tendo criado um mito que serviu para reforçar a sua identidade) o que é facto é que aquele acontecimento perdura na memória da terra onde tudo aconteceu e, de forma mais ou menos presente, na dos portugueses em geral. 
No meu caso, como no de muitos outros, foi na canção de Zeca Afonso, ouvida na adolescência, que ouvi falar dela pela primeira vez. Uma mulher tão nova e tão corajosa era uma figura que só me podia causar admiração. Continua a causar, claro. Mas percebi depois que, a existir, a sua inspiração heróica estaria misturada com o acaso e que a sua história era a de uma mulher com uma família, com três filhos pequenos (a mais velha com 6 anos, o mais novo com 8 meses), que sofreram, mais que ninguém, com a situação. 
Esta perspectiva foi muito bem desenvolvida na reportagem "Catarina é o Meu Nome" de Maria Augusta Casaca que passou na TSF em Abril de 2013 e de que me lembrei ontem ao ler que este acontecimento fazia 61 anos. Nela se dá conta, por exemplo, de que a família nunca teve a possibilidade de decisão sobre o corpo, tomado a seu cargo primeiro pelas autoridades do Estado Novo e depois pelo PCP; que os seus filhos foram colocados em instituições e separados; que os que lhe estavam mais próximos e os habitantes de Baleizão nunca se puseram de acordo em relação ao seu papel na história. 
O seu túmulo conta uma versão que, mesmo que possa ser discutível, é ilustrativa de uma época importante do nosso passado recente. Ir para além dela, numa abordagem mais humana foi o que aquela reportagem conseguiu fazer. (Quem queira pode ouvi-la em podcast aqui).

Gosto muito de andar a pé

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Três coisas para lá do bicampeonato:

- a cor uniforme (tipo loiro) dos cabelos das mulheres/namoradas dos jogadores do Benfica;
- as brincadeiras azedas dos adeptos de outros clubes que, nas redes sociais, dão largas à sua imaginação para tentarem enfraquecer e tornar menos intensa a vitória que o clube mereceu;
- o prazer que foi rever em casa o filme Singin' in the rain nesta noite. 




sexta-feira, 15 de maio de 2015

Os festivais de cinema e as passadeiras

Hoje em Cannes

                                                                     Foto aqui

e em Gaza
                                                                     Esta e outras aqui

sábado, 9 de maio de 2015

As cores são diferentes...

... mas, por estes dias, no Reino Unido, há uns quantos agachados...

         Imagem aqui

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E dentro dos penicos o que estará? Talvez as sondagens...

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O livro que tem dado que falar nos últimos dias ou a biografia do cidadão imperfeito

Apesar de muito criticado por aceitar a publicação de uma biografia quando está apenas com 50 anos, a verdade é que Passos Coelho não é propriamente um caso único. Muitos o fizeram neste ponto da sua carreira, em épocas em que o seu futuro político está em vias de definição. Não há nada de excepcional na situação. E se há editoras prontas a fazê-lo é porque o mercado existe. Terá que ser o leitor a relativizar, tendo em conta as circunstâncias em que o texto é publicado, a autora, o facto de ter sido autorizado, os episódios que conta, os que são omitidos. Diz a editora na apresentação que "baseada num amplo trabalho de pesquisa, investigação e recolha de diversas opiniões e testemunhos, Sofia Aureliano escreveu uma biografia única que nos aproxima de Pedro Passos Coelho". Aproximará? E se o trabalho de pesquisa e investigação foi tão bem feito por que razão não falou com alguém próximo de Paulo Portas, ou com o próprio, para esclarecer as questões que mais celeuma levantaram? O testemunho de Secundino Cardoso do restaurante «O Comilão» poderá ser importante mas o de Diogo Feio poderia também ter sido equacionado.

 Imagem aqui

No entanto é o título escolhido que mais dúvidas me suscita. Por mais que o leia não consigo perceber a ideia que lhe está subjacente. "Somos" indica que estamos no presente. Significa isto que, nesta altura, Passos Coelho é o que escolheu ser? E como é que isso aconteceu? Como é que escolheu? Será que a biografia é assim tão clara?
E depois, numa perspectiva que é normalmente a correcta, devemos generalizar a expressão e considerar que basta escolher o que queremos ser para o sermos? E quem não consegue? É porque não tem capacidades? E que tipo de capacidades? As intelectuais, as económicas, as sociais? Ou será porque não quer com força suficiente? E o gesto de pôr a gravata tem alguma coisa a ver com tudo isto? Será uma piada a Varoufakis? A cor é uma provocação a António Costa?
Será que para responder a estas questões terei que ler o livro? Hum... Acho que vou ficar sem saber...

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Quatro mães

Ontem, depois do jantar, a minha mãe resolveu ir buscar duas fotografias que, em grande formato, se encontravam na parede da sala da casa dos seus pais antes de ser vendida; e das quais eu me lembro muito bem quando lá ia nas férias. Numa delas a mãe do meu avô materno, com o seu cabelo apanhado e o seu ar distinto olha-nos com uma beleza serena do início do século XX. A outra é a única fotografia que conhecemos da minha avó materna que morreu quando a minha mãe tinha 9 anos. 73 anos já passaram entretanto. Mas a minha mãe continua a recordá-la com a mesma emoção que sempre lhe observei quando fala dela. Esse momento em que as minhas próprias filhas testemunharam o carinho com que a avó guarda essas imagens foi o mais significativo deste dia da mãe.