segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Parabéns, Sr. Joaquín Tejón

                                                                                                                  (imagem encontrada na net)

Os livros sempre tiveram, para mim, grande importância. Por isso, há muitos anos atrás, fiz uma lista dos livros que emprestei e das pessoas a quem os emprestei para não lhes perder o rasto. Infelizmente, nunca tive coragem de os pedir de volta e muitos deles nunca foram devolvidos. Entre eles estava o álbum "Toda a Mafalda".
Há muitos anos que não sei da amiga da altura a quem o emprestei. Ela certamente não conhece este blogue. Mas no dia em que se somam 50 anos desde que esta menina inocente e contestatária apareceu, pela primeira vez, nas páginas de um semanário argentino; apelo à sua devolução. Se tal não acontecer serei, certamente, uma das primeiras compradoras desta edição.
Gostaria muito de dar a ler às minhas filhas as reflexões, cheias de crítica social e de sentimentos de justiça, que Quino punha na boca da sua personagem, mesmo sabendo que, o próprio autor já o disse, Mafalda, hoje, seria diferente (esta entrevista é muito interessante).
Ao mesmo tempo não posso deixar de pensar que aquilo que me fascinava na idade que as minhas filhas têm agora, já não será tão marcante para elas. A minha ingenuidade, que encontrava eco nas palavras e atitudes da Mafalda, é difícil de repetir hoje em dia. Ou será que esta é a minha sensação, agora que essa ingenuidade se perdeu? Pelo sim, pelo não, o melhor é fazer as apresentações. Elas depois dirão.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Simpatizante "ma non troppo"

Sempre me julguei simpatizante do PS. Nestes últimos tempos percebi, no entanto, que não era simpatizante o suficiente para me inscrever como simpatizante. Da minha parte tinha todas as condições formais necessárias: sou cidadã portuguesa, tenho idade suficiente e estou inscrita no recenseamento eleitoral; não sou militante do Partido Socialista; não sou militante de qualquer outro partido político; não fui expulsa do partido; não fui reconhecida como demente, entre outras. Mas da parte do PS não estavam reunidas as condições mínimas. Entre Costa e Seguro só não se pode dizer que venha o diabo e escolha porque, provavelmente, um dos dois será, de facto, primeiro-ministro e o assunto já é demasiado do reino das trevas para pôr a personificação do mal a decidir. Confesso que Seguro tinha mais a minha simpatia porque sou das que, perante a sensação de vitória antecipada de um dos candidatos, tendem a pender para o perdedor. E o estilo "isto são favas contadas" de Costa não me agrada. Mas isso não chega para querer ver Seguro como primeiro-ministro de Portugal. Por isso esta disputa despertou-me um interesse relativo. Nem vi os debates anteriores. Mas, esta noite, lá me predispus a ouvi-los. Já me tinham falado da estranheza que é ouvir adversários tratarem-se por tu. Mas isso ainda foi o menos. O que se viu e ouviu não esclareceu absolutamente nada mesmo quem, ao contrário de mim, apresenta um grau de simpatizante suficiente para votar no domingo. As disputas de estilo e as acusações trocadas sobrepuseram-se a qualquer assunto ligado a propostas concretas que, no futuro, possam vir a ser apresentadas. Fiquei com a sensação de que, depois do debate de hoje, será muito difícil aos dois candidatos e respectivos apoiantes entenderem-se num futuro próximo. E isto tudo dentro de um mesmo partido... 
Ora, numa altura em que se questiona se estes não serão os últimos dias de Passos Coelho no Governo, mercê de uma situação que tem a ver, não com alguma medida concreta do executivo, mas com um crime que, mesmo que o seja, já não o é, e que envolve dificuldades de memória do primeiro-ministro; nesta altura, dizia, poderia ser mais fácil simpatizar com o Partido Socialista. O facto é que, com uma situação interna destas, nem com estes bombons oferecidos pela Comunicação Social, os simpatizantes serão capazes de simpatizar mais que um tanto...

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

A t-shirt

Era ainda cedo mas, pelo passo apertado, já deveria estar atrasada. A inclinação da rua, acentuada, não ajudava e as crianças, agarradas a ela em fila indiana, meio arrastadas, trotavam no passeio estreito até ao cimo, onde ficava a escola. A sua expressão fechada e de preocupação acentuava-se quando se virava para trás e dizia: - Vá lá! Despachem-se, que eu ainda tenho que ir trabalhar! Deixá-las-ia junto ao portão e desceria, novamente apressada, para ir em direcção à estação dos comboios, provavelmente, rezando para que o patrão não lhe descontasse a primeira hora que já não faria por completo. Na t-shirt que vestia estava escrito" La vie est Belle".

O lado bom

ou a ingenuidade numa canção:

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Enganos

Ontem entrei num café e li em rodapé na televisão "Quaresma no banco". Pensei cá para mim: - Olha, queres ver que o Banco de Portugal resolveu colocar de quarentena o Novo Banco?
Quando chegou a vez de falarem sobre o assunto percebi que, afinal, a notícia era sobre o facto de Lopetegui ter decidido deixar Ricardo Quaresma no banco de suplentes, num jogo do F. C. Porto.
Sendo assim, parece que os coleccionadores de lepidópteros não precisam de cumprir um período de meditação preenchido por jejuns e orações. Para alguns dos que se têm pronunciado sobre este assunto a ressurreição terá que ser precedida de uma reflexão. Para outros, mais vale agir já, convencidos que estão de que o arrependimento dos pecados não leva a lado nenhum. Entre uns e outros os fiéis estão confusos e por enquanto sentem-se em plena época carnavalesca.
Seja como for, o treinador é que decide quem põe a jogar e todos (accionistas e depositantes, perdão, sócios e simpatizantes) esperam que o resultado do jogo seja favorável. Aliás, os portugueses em geral, salvo alguns mais empedernidos, torcem por esses bons resultados. É que, mais uma vez, mesmo quem não comprou bilhete, pode ser chamado a contribuir, em caso de derrota.

Lá estão eles outra vez...

Ainda o calor aperta e já os estudantes mais velhos correm para as universidades vestidos de preto e branco envergando as pesadas capas ou levando-as apenas no braço. O traje académico, um nicho de mercado aproveitado pelas empresas que os produzem, é usado com desenvoltura por uns, com alguma falta de jeito por outros. É a integração dos caloiros que os move, dizem. Estes, ao fazerem a matrícula, cumprindo uma obrigação que fariam de qualquer maneira, vêem-se "ajudados", por estes colegas mais velhos, quer queiram quer não. Talvez por serem tão visíveis ficamos com a ideia que, por cada caloiro, há dois ou três alunos mais velhos que zelam pela sua "feliz integração". Penso não existir nenhum estudo sobre a postura dos novos alunos perante as praxes. No entanto, certamente, serão muito variadas, incluindo os que as praticam por prazer até aos que se recusam a participar. Muitos, sem qualquer convicção, limitar-se-ão, de forma passiva, a tolerar a situação pensando que os anos que passarão na universidade serão mais difíceis se não o fizerem. Para esses, a campanha lançada pela Secretaria de Estado do Ensino Superior que tem como um dos slogans “Não és obrigado a ser praxado!" poderá servir como um alerta que eventualmente os fará, pelo menos, pensar.
Em todo este panorama, há algumas coisas que me intrigam (obviamente, sem generalização possível): o afinco com que estudam regulamentos de uma maneira que nunca repetirão com as sebentas; o aprumo dos trajes que vestem que dificilmente repetiriam se fossem incorporados na vida militar; a observância de hierarquias rígidas; a agressividade, mesmo que apenas linguística e aparente, de "praxantes" para com "praxados"; o cumprimento de regras que, em quantidade e qualidade, rivalizam com as de uma verdadeira sociedade secreta. Isto quando, com frequência, esquecem e passam por cima das simples regras da boa educação e da convivência com os seus pares e pessoas com quem se cruzam.
Mas o que mais me chama a atenção e que muitas vezes apercebo em conversas ouvidas na rua, é a ânsia dos novéis universitários em serem praxados como se disso dependesse o sucesso da vida académica ou, pelo menos, daquela parte da vida académica que mais suscita entusiasmo: a que acontece fora das aulas. Não sei se as preocupações com os conteúdos das cadeiras que têm que fazer alguma vez rivalizará com as preocupações em cumprir as normas apertadas impostas pelos códigos das praxes. Fico com a sensação de que o objectivo da frequência universitária não é, para muitos, a formação e a preparação para a vida profissional mas sim este percurso de alguns anos em que o que conta é brincar a ser estudante em vez de verdadeiramente o ser.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

The big puffs are watching you

Pois eu nem dados queria esta espécie de budas sentados em versão filme de terror...


Maniche em dose dupla ou as personalidades que ficaram em casa

Mais um momento divertido nos telejornais das nossas televisões, neste caso, da RTP 1. José Rodrigues dos Santos falava da rescisão de contrato de Paulo Bento com a Federação Portuguesa de Futebol. Depois de Gilberto Madaíl apresentar a sua surpresa via telefone passa uma entrevista a Maniche que dá a sua opinião sobre o assunto. De seguida o apresentador anuncia que "muitas figuras do futebol concentraram-se no lançamento de um livro sobre José Mourinho" onde se encontra, em directo, um repórter do canal. Este dá imediatamente conta aos telespectadores que "houve algumas personalidades que acabaram por não comparecer de alguma forma também para fugirem às reacções" à notícia desportiva do dia. Mas uma estava no local. E quem era? Nada mais nada menos que Maniche que teve direito a dar a sua opinião pela segunda vez, agora em directo. 
Quanto ao livro apresentado, de um autor que já escreveu a biografia de Paulo Futre, é descrito como "uma análise de Mourinho numa analogia entre futebol e música", sendo o treinador comparado a Jim Morrison ou Mick Jagger. Tenho impressão que as figuras do futebol português gostam mais dos Beatles.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Go ask Alice

Esta é uma música muito adequada aos dias de loucura que o mundo tem vivido e que as televisões nos têm devolvido. E tem a minha idade... Não podia ser mais actual. Talvez a Alice saiba mesmo. Nós definitivamente não. E juro que não comi nenhum bollycao crack...