Devaneio entre Cascais e Lisboa. Fui pagar a Cascais uma contribuição do patrão Vasques, de uma casa que tem no Estoril.
Gozei antecipadamente o prazer de ir, uma hora para lá, uma hora para cá, vendo os aspectos sempre vários do grande rio e da sua foz atlântica. Na verdade, ao ir, perdi-me em meditações abstractas, vendo sem ver as paisagens aquáticas que me alegrava ir ver, e, ao voltar, perdi-me na fixação destas sensações. Não seria capaz de descrever o mais pequeno pormenor da viagem, o mais pequeno trecho de visível. Lucrei estas páginas, por olvido e contradição. Não sei se isso é melhor ou pior do que o contrário, que também não sei o que é.
O comboio abranda, é o Cais do Sodré. Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.
inesgotável, inspirador (e também assustador...).
ResponderEliminarComo a personalidade do autor... :)
EliminarHoje á tarde fui ao Teatro D.Maria, assistir à representação da peça
ResponderEliminarDo desassossego. Carlos Paulo representa bem as palavras de Fernando
Pessoa. Andei um pouco ,perto do teatro e pensei, que diferente está
esta Lisboa ,do tempo em que Pessoa ali viveu.
Fiquei triste porque trabalhei vários anos nos Restauradores e ao perguntar
numa tabacaria qual era o futuro dos dois imóveis onde passei grande
parte da minha vida, foi-me dito que estavam vendidos a chineses e que
seriam hotéis e apartamentos. Toda a .baixa está inundada de hotéis.
Esta já não é a minha cidade e fico triste. O que sentiria Fernando Pessoa,
como tão bem saberia dizê-lo... e não tão pobremente como eu fiz.
Peço desculpa de fazer um comentário tão longo, mas soube-me bem ter
este desabafo.
Uma boa semana para si.
Obrigada, Maria. Vi essa peça há uns anos na Comuna. Gostei bastante (mas eu sou suspeita porque gosto muito do Carlos Paulo).
EliminarQuanto à Baixa, e Lisboa em geral, quando tiver tempo, um dia destes, escrevo qualquer coisa aqui. Mas percebo o que diz. Apesar de saber que a "sua" Lisboa já foi diferente da de Pessoa e que a mudança faz parte dessa evolução. É o querer acelerar essa mudança, sugando ao máximo certas características, que os actores da cidade a tornam, no limite, uma cidade de ninguém...