Desde que deixei de trabalhar na Baixa e estou para os lados do Campo Grande vou com alguma frequência, à hora de almoço, até à Av. da Igreja. É uma rua movimentada, com lojas e pessoas (e sem a quantidade enorme de turistas que tornam, por vezes, difícil a circulação nas áreas mais centrais). Nesses dias comia sempre na Confeitaria Nova Lisboa, uma daquelas pastelarias-restaurante que há na capital com pratos a preços acessíveis e fabrico próprio de fazer crescer água na boca. Percebi também, ao vê-las em qualquer altura do ano, que era a mesma empresa que fabricava aquelas amêndoas de Páscoa de que sempre gostei. Os clientes, percebia-se, eram habituais e alguns residentes na zona deixavam recados para familiares que passariam ali mais tarde. A mim, que não era propriamente cliente habitual, ofereciam sempre um pequeno bolinho com o café. Não era isso que me fazia voltar mas claro que ajudava apesar de não gostar nada do "avançado" em alumínio sobre o passeio.
Esta semana li no Corvo que a Nova Lisboa tinha fechado. Ontem, ao passar por lá, li o recado que deixaram na porta a agradecer aos clientes os 65 anos de trabalho. Uma senhora telefonava a alguém a avisar que o almoço que tinham marcado afinal não se poderia realizar ali. "Não compreendo. Vou perguntar ao senhor do quiosque, dizia".
Na esquina da rua, o McDonald's tinha muitos estudantes (a escola secundária é mesmo ali) e do outro lado da rua a esplanada da "Padaria Portuguesa" estava cheia. Não sei se a abertura desta última há poucos anos terá contribuído para este desfecho. Eu que, confesso, não consigo gostar nem um bocadinho daquela cadeia de lojas, espero que não. As modas nestas coisas fazem a diferença, eu sei, mas não compreendo como muitas pessoas deixaram os seus cafés habituais para estarem imenso tempo em filas (é o que vejo, normalmente) para comprar produtos caros e com qualidade normalmente inferior ao propagandeado. Aquela coisa da "guerra dos bairros" então...
Bem, mas não é para dizer mal da Padaria Portuguesa que escrevi. É para dizer que, tal como outras lojas que vão desaparecendo, a Nova Lisboa faz falta a Lisboa.
Bem, mas não é para dizer mal da Padaria Portuguesa que escrevi. É para dizer que, tal como outras lojas que vão desaparecendo, a Nova Lisboa faz falta a Lisboa.
será?
ResponderEliminarentão porque fechou, Ana?
fará falta a alguns lisboetas, provavelmente poucos...
(não sei o que vai sobrar do nosso país...)
Não sei como se acumularam as dívidas que a empresa tinha (li algures que há poucos anos tinham feito um grande investimento num novo armazém e instalações para o pessoal em Santarém) mas o número de clientes não me parecia muito diferente de outras pastelarias do género. Mas tens razão... Do meu ponto de vista, faz falta. Mas não serão assim tantos a pensar o mesmo...
EliminarHá uns anos atrás, trabalhei um certo tempo nessa zona da cidade e realmente, a Avenida da Igreja era uma artéria animada, com vida local,
ResponderEliminarpara lá da Avenida de Roma, onde também, sendo eu do Porto!, cheguei a viver nos idos de sessenta quando tive de fazer a tropa no antigo Regimento de Engenharia do Campo Grande, onde hoje é uma universidade que não sei o nome! Essa Confeitaria Nova Lisboa é uma do lado direito de quem sobe até à Igreja, logo após a rotunda de Stº António? Essa artéria de Lisboa, e a própria pastelaria, sempre me lembrou um pouco Paris, no Boulevard de Saint Michel, onde também estudei! :)
É essa exactamente. Certamente a decoração do espaço já não seria a mesma (agora estava um pouco descaracterizada) mas a qualidade parecia-me bastante boa.
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