segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O Outono de Modiano

Não tenho uma opinião clara sobre a atribuição do prémio Nobel da literatura deste ano. Aliás, de nenhum ano. A sua importância é muito grande mas o júri, tal como noutros prémios, terá, certamente, dificuldades em decidir e as suas decisões não podem ser aceites por todos. Vem isto a propósito deste post do Pedro Correia. Depois de o ler resolvi fazer o mesmo exercício.
Tenho dois livros de Patrick Modiano. Dora Bruder, foi-me oferecido em Janeiro de 2001 e li-o no mês seguinte. A memória que tenho dessa história de uma rapariga de origem judia no período de ocupação de Paris pelos alemães não é nítida embora ache que gostei de o ler (a falta de sublinhados, no entanto, poderá indicar o contrário). Anos depois fui eu a comprar No café da juventude perdida (lido em Maio de 2012). Mais uma vez a personagem principal é uma mulher e o cenário é Paris, mas agora nos anos 60 (do século XX). Deste sei que não gostei especialmente. Mesmo assim, este último tem mais sublinhados. Deixo aqui um deles. Porque também gosto do Outono.

"Para mim, o Outono nunca foi uma estação triste. As folhas secas e os dias cada vez mais curtos nunca me recordaram o fim de alguma coisa, antes uma expectativa do futuro. Há electricidade no ar, em Paris, nas tardes de Outono, à hora em que cai a noite. Mesmo quando chove. Não fico deprimido, nem tenho a impressão de que o tempo me foge. Sinto que tudo é possível. O ano começa no mês de Outubro."

in , Patrick Modiano, No Café da Juventude Perdida, Edições Asa, 2009, pág. 16

2 comentários:

  1. Registo mais uma (quase) coincidência, Ana. Curioso, aliás: a tua citação, sobre o Outono, é simétrica da minha, sobre a Primavera. Fazem sentido, lidas em conjunto.
    Há autores de que gostamos, outros que admiramos. Alguns cativam-nos logo às primeiras linhas. Outros deixam-nos indiferentes. Foi isso que senti com Modiano nesse livro que não guardei na memória.

    PC

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    1. É verdade! E o autor não foi contraditório nas duas citações. :)
      Quanto ao que me ficou dos livros também não foi muito..

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