terça-feira, 4 de junho de 2013

Finalmente!

Depois de ter falhado as anteriores apresentações esta noite assisti, finalmente, a um espectáculo de Ute Lemper.
Sala cheia. No palco só a cantora e dois músicos, um ao piano, outro com o bandoneón. Não foi preciso mais para uma noite quente, cheia de uma voz que nos transporta para diferentes cenários de música para música.
Ute Lemper fez questão de mostrar solidariedade com Portugal e, por várias vezes, se referiu a Angela Merkel de forma muito pouco simpática. 
Residente nos Estados Unidos, da sua Alemanha natal falou-nos da distância que sente da Berlim que conheceu e das dificuldades em reconhecer uma cidade que eliminou, por completo, a memória da vida antes da queda do muro. Interessante, esse reconhecimento da falta que fazem elementos que nos recordam o passado e que, fazendo parte da história dos sítios que conhecemos, fazem parte de nós. 
Mas, voltando à música, para mim o ponto alto foi a interpretação de "Avec le temps" de Léo Ferré. Uma canção que é, já de si, magnífica e que, assim cantada, nos deixa sem fôlego. 
Um grande espectáculo! Perdoamos até o seu castelhano...


2 comentários:

  1. De acordo com quase tudo. Excepto:
    - há que perdoar a alguns que pensavam que estavam num "Karaok" (provavelmnete não se escreva assim)
    - a crítica ligeira (na minha opinião) ao apagar do passado da divisão alemã. Essa foi uma expressão de rejeição histórica. E estas são frequentemente assim, obliteradoras. Basta lembrar a Bastilha, para não recuar mais. É preciso tempo para ultrapassar e por vezes já nada de material se pode salvar para memória futura. Mas não é fácil não eliminar o que se odeia no momento. O testemunho e o património implicam algum distanciamento. Até por isso ela pode cantar, com um prazer partilhado por todos, certas canções.

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    1. Em relação ao karaoke (acho que é assim) pouca gente devia saber a maior parte das canções pelo que até podia ser pior... Mas é muito irritante, sim. :)
      Quanto à segunda questão, tens toda a razão. É à distância, no tempo e até no espaço, que se torna possível ter um olhar menos emotivo. Mas, mesmo no caso específico de Berlim, já li que muitos habitantes da cidade se têm insurgido contra o facto de quase nada restar, no local, do muro, preocupados, exactamente, com a necessidade de alimentar a memória no futuro.

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