Cosimo Rega, há 34 anos numa prisão de alta segurança perto de Roma, diz, lá para o final do filme (mas logo no início do trailer): "agora que conheço a arte, esta cela tornou-se uma prisão". Condenado a prisão perpétua por crimes graves, participou, com outros presos, nesta experiência teatral que, filmada numa perspectiva documental mas ao mesmo tempo poética, nos deixa com a sensação de termos assistido a momentos únicos pois sabemos que, para além das imagens que os realizadores escolheram para nos mostrar, estão ali as vidas reais de quem assumiu, como uma redenção, a participação naquela peça. Aquele grupo de homens, em situação de reclusão, entrega-se, por inteiro, a um texto, a uma encenação, a uma alteração do seu quotidiano que, mesmo sendo ficção, vai muito para além das celas, a que obrigatoriamente têm que se recolher quando chega a hora. Por isso aquelas imagens são poderosas. Por isso as sentimos tão intensamente.
É ainda Cosimo que explica: "Não me bastava sobreviver à prisão. Eu queria viver. Foi por isso que fiz teatro. Porque um detido é antes de tudo um homem, com as suas emoções, os seus medos. E as suas dores. Nós somos pessoas que têm o direito e o dever de se redimir, para demonstrar, para lá daquilo que fizemos, toda a nossa humanidade. " Tradução de um extracto desta entrevista.
Já vi este filme há umas semanas mas ainda não tinha tido oportunidade de falar sobre ele. Não podia, no entanto, deixar de o fazer. Nem que fosse para registar que o cinema ainda pode ser algo de novo.
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