sexta-feira, 20 de abril de 2012

A D. Ilda

A sala é grande, grande de mais para ela que, talvez numa tentativa de se aconchegar, escolheu um canto afastado das janelas, para colocar a cama estreita e pouco confortável. Tapa-se com as mantas, num Abril que trouxe o frio que Março já tinha feito esquecer. Deitada sobre ela, a gata partilha o calor que mal lhe chega. Por todo o lado, na casa, objectos variados mostram-nos que ali funcionou um cabeleireiro. Numa das paredes, num cartaz já meio desbotado, uma modelo sorri. A D. Ilda, cega, não a vê. Nem o móvel com espelho, colocado mesmo ao meio, tem agora qualquer função. 

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