Foi o meu primeiro livro. Uma edição de "O Capuchinho Vermelho", com desenhos que, ao abrir as páginas, se projectavam para fora das folhas. Liam-mo o meu avô, o meu pai, a minha mãe. Eu aprendi-o de cor. De tal forma que, com requintes de seriedade, o recitava enquanto os olhos seguiam as frases e as páginas eram viradas no momento certo, deixando boquiabertos os que viam tal proeza numa criança tão pequena. Eu não sabia ler. Mas tinha orgulho nessa exibição que, quando desmascarada, arrancava sempre uns sorrisos.
Outros se seguiram e quando deixei de precisar de ajuda para descobrir as histórias que os livros continham, eles tornaram-se os meus melhores amigos.
Não sei onde anda esse livro cuja lombada não resistiu e foi desaparecendo, deixando à vista os desenhos dobrados no interior. Gosto de pensar que não está perdido e que um dia o encontrarei e que, tal como nessa altura, o conseguirei ler de olhos fechados.
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