sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A minha ironia

Depois de ver o post do jaa apeteceu-me falar da "minha ironia". É que hoje também foi um dia bastante produtivo. Fiquei a trabalhar em casa e o dia até rendeu bastante, mesmo descontando o tempo em que tive que interromper para fazer de mãe e "dona de casa" uma vez que as minhas filhas, como não tiveram escola por causa da greve, estavam comigo. 
Por contingências pessoais, esta funcionária pública que sou viu-se, este ano, a ganhar menos e a trabalhar mais por ter decidido mudar de local de trabalho abraçando um novo desafio, que só com muita força de vontade se leva a bom porto. E um relatório a entregar segunda-feira obriga-me a um esforço extra. Sabia, portanto, que não poderia perder um dia de trabalho nesta altura. 
Mas vamos lá à ironia: a primeira coisa que fiz de manhã foi telefonar para o sítio onde trabalho a avisar que faria greve para registarem a respectiva falta. Pois é. Já ouvi e li os argumentos que demonstram que não serve de nada, que prejudica mais o país que outra coisa. Compreendo e respeito os que não fizeram greve. Muitos assim decidiram porque o dinheiro lhes faz falta ou porque sabem que é um ponto negativo a mais que o patrão invocará em caso de contas de deve e haver. Foi com muitas dúvidas que decidi aderir, tal como o tinha feito há um ano atrás. Podem argumentar que assim não vale. Fazer greve e trabalhar não é verdadeiramente greve. As minhas filhas também não compreenderam. Na realidade não só não prejudiquei como beneficiei o Estado pois além do dinheiro que poupou, nem a água e a luz consumi.
Mas digo-vos: o dinheiro perdido é compensado por este sentimento de que, mesmo no meio das contradições e desconhecendo quais os números reais, estou no lado certo das estatísticas.

post publicado também aqui.

2 comentários:

  1. Ora cá está mais um sentimento que partilhamos, o de que estamos "no lado certo das estatísticas". Gosto mesmo muito da maneira como explicas as coisas. Aprendo lendo o teu blogue, mesmo nos posts mais simples. A clareza com que retratas a subjectividade desta(s) coisa(s) de ser-se humano emociona-me. Grande beijo.

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  2. Ora, António! Tu sabes que também já aprendi muito contigo. Um beijo grande também para ti.

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