sábado, 12 de março de 2011

Censos

Talvez seja por questões ligadas à minha profissão e à necessidade de recorrer a estatísticas tenho muita dificuldade em entender as pessoas que não compreendem a importância dos censos. Mais ainda quando essa atitude vem de grupos mais jovens. Os argumentos vão desde a preocupação com as verbas despendidas numa operação deste tipo, numa altura em que todo o dinheiro que se poupe nas despesas do Estado é pouco; até aos mais comezinhos da chatice que é interromper o jantar para ir à porta atender um tipo que quer saber coisas sobre as nossas vidas.
A realidade é que a realização de censos é uma obrigação de qualquer governo e permite obter dados vitais para fundamentar as opções a tomar em todas as áreas da governação e a todos os níveis, desde o nacional até ao local, dando bases de trabalho que serão úteis quer às entidades públicas quer aos próprios agentes económicos, a escalas macro ou micro. A área do planeamento não seria a mesma se os censos não existissem, apesar da relevância de muitas outras estatísticas que periodicamente são elaboradas no INE. A comparação com dados de anteriores recenseamentos permite ainda analisar as transformações da sociedade portuguesa em termos demográficos e socioeconómicos que tão importante é para se estudarem tendências e conhecerem evoluções.
Claro que se poderá sempre dizer que as falhas inviabilizam que se faça um retrato rigoroso da situação (todos nós conhecemos famílias que não foram contactadas em anteriores recenseamentos) e que, com as mudanças rápidas a que assistimos, a rapidez com que os dados se desactualizam é cada vez maior. 
É verdade que haverá imperfeições e que, quer na elaboração dos questionários, na recolha dos dados, na sua análise e na sua disponibilização posterior, mais poderia ser feito. Mas tais imperfeições não poderão pôr em causa o que é inegavelmente um momento chave da nossa cidadania. 

5 comentários:

  1. Ainda não me pus a pensar se concordo ou não com os censos, mas estão lá perguntas que nem lembram ao diabo (força de expressão...) E saber se estarei em casa as zero horas do dia 21 é preciso que seja mesmo bruxo... Enfim...

    ResponderEliminar
  2. As pessoas estão fartas de censos, batem-me à porta para perguntarem se tenho TV cabo, se estou na PT, enfiam-me na caixa de correio folhetos com viagens a custo reduzido mas onde me tentam impigir um colchão, ligam-me do banco (por número anónimo) a oferecer créditos, cartões e outras mordomias.

    Estamos um pouco fartos. Mas isto do Censos mete colchões, aspiradores ou a Bimby?

    ResponderEliminar
  3. Com tanta informação que já dispõem? Do cartão do cidadão ao número de contribuinte, não percebo totalmente a utilidade dos censos, ainda que não veja neles um perigo tão grande quanto a bizarria dos chips nas matrículas que o big government nos quis impor. Receio sempre por princípio fornecer informação ao governo para que sejam tomadas decisões, que pertencem ao foro individual.

    ResponderEliminar
  4. Bem, este tema provoca-me dualidade de sentimentos. Por um lado, vejo a importância dos censos e das estatísticas, há sempre situações em que são úteis. E, para que existam, é necessário fazer inquéritos. O problema é que raramente temos pachorra para lhes responder, que surgem, sem avisos, a horas sempre inconvenientes. Além disso, como o implume disse, somos tão bombardeados com inquéritos disto e daquilo, que perdemos a paciência mesmo para os considerados sérios.

    ResponderEliminar
  5. Compreendo as vossas reticências. Mesmo assim a importância, em múltiplas situações, dos dados recolhidos parece-me que se sobrepõe. E Paulo, os questionários só serão recolhidos depois do dia 21.
    Quanto a brindes, António, quem sabe em 2021. Nada como fazer-se a sugestão desde já. :)

    ResponderEliminar