sábado, 14 de janeiro de 2017

Da modernidade

De Zygmunt Bauman li alguns textos embora, confesso, nunca tenha lido qualquer obra por inteiro. Por estes dias, após a sua morte, no dia 9, pensei em escrever aqui alguma coisa. Conhecendo as suas teses pessimistas sobretudo no que diz respeito à forma como a omnipresença das redes sociais transforma, para pior, a forma como nos relacionamos com o mundo, talvez não seja, afinal, boa ideia falar desse facto aqui.
Do único livro que tenho do autor retiro duas citações sobre a modernidade que nos obrigam a pensar: 
..."A modernidade é o que é - uma obsessiva marcha adiante -, não porque queira sempre mais, mas porque nunca consegue o bastante; não porque se torne mais ambiciosa ou aventureira, mas porque as suas aventuras são mais amargas e as suas ambições frustradas. A marcha deve seguir adiante porque qualquer ponto de chegada não passa de uma estação temporária"...
... "Estabelecer uma tarefa impossível não significa amar o futuro, mas desvalorizar o presente. Não ser o que deveria ser é o pecado original e irredimível do presente. O presente está sempre «a querer», o que o torna feio, abominável e insuportável. o presente é obsoleto. É obsoleto antes de existir. No momento em que aterra no presente, o ansiado futuro é envenenado pelos eflúvios tóxicos do passado perdido. O seu desfrute não dura mais do que um momento fugaz, depois do qual (e o depois começa no ponto de partida) a alegria adquire um toque necrofílico, a realização torna-se pecado e a imobilidade morte."...

in Zygmunt Bauman, Modernidade e Ambivalência, Lisboa, Relógio D'Água Editores, 2007, p. 22 e 23

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