sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Explicações impossíveis

Ontem, M. telefonou-me num estado de grande agitação. Estava com um grupo de colegas e não sabiam o que pensar. O que se pode dizer a uma filha que acabou de ler uma notícia como esta? Lembrar-lhe que os títulos dos jornais apelam sempre para o lado sensacionalista das notícias? Que a construção de abrigos é uma prática antiga e muitas vezes é uma afirmação de segurança para o interior e exterior do país? Que, desde a segunda guerra mundial, já aconteceram crises bastante complexas, nesta "paz mundial" que tem deixado de fora dos conflitos mais sérios os países mais poderosos? Que a situação na Síria se há-de resolver, sem que se alastre mais a tragédia diária que ali se vive? Que a divulgação de poderio militar e movimentações de tropas são demonstrações de força que visam criar uma ideia de superioridade de um país? Que os "avisos" difundidos por meios diversos são muitas vezes para consumo interno? Que os governantes dos países em causa estão conscientes dos perigos e trabalharão para que as soluções pacíficas prevaleçam?  Que existem organismos internacionais que foram criados com o objectivo de impedir que volte a acontecer uma nova guerra mundial? Que tudo o que o ser humano aprendeu até hoje não poderá ser esquecido? 
Poderia dizer-lhe tudo isto. Mas, à noite, quando me voltou a falar no assunto, tive medo de não parecer convincente e utilizei o humor, salvação nestas alturas em que quase tudo o resto falha. 
Na verdade espero (no sentido do desejo e da esperança) nunca ter que falar desta questão, sem que consiga, pelo menos de forma natural, utilizar este mecanismo de desconstrução de uma realidade que parece cada vez mais difícil de explicar.

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