Depois de descer as escadas que, nos últimos tempos, de rolantes só têm o nome; a visão que hoje de manhã se tinha, a partir do lanço que leva à plataforma da estação de metro do Cais do Sodré, era impressionante. Em 30 anos de frequência do metro de Lisboa poucas foram as vezes em que vi semelhante espectáculo e sempre por razões que se prendiam com algum acontecimento particular. Certo é que a quantidade de gente naquela plataforma era tal que parecia que só mais um iria empurrar alguém para a linha. Quem descia a escada sentia-se assustado e muitos paravam.
Entretanto lá chegam as 3 carruagens que, a custo, levariam a maior parte dos passageiros. O condutor mal pára logo apita para apressar os que, depois do tempo que estiveram à espera, ainda hesitavam em entrar nos compartimentos apinhados. Eu própria pensei que talvez fosse melhor esperar pelo próximo mas, dada a dúvida em relação ao tempo que esperaria, lá arrisquei. Lá dentro, enquanto as pessoas se arrumavam, muitos comentavam a situação e lamentavam o estado a que chegou um transporte que já foi bom.
Lembrei-me então que, neste dia 22 de Setembro, se comemora o dia europeu sem carros... Será que muitos dos que habitualmente andam de carro resolveram usar o transporte público? Duvido bastante. Mas, se assim foi, certamente muitos foram afugentados e pensarão: o que vale é que o dia europeu sem carros é só uma vez por ano...
Quanto aos utilizadores que diariamente entram nas estações do metropolitano e vêem escadas que não funcionam, pessoas a mais, tempos de espera que aumentam, e ouvem os, cada vez mais frequentes, pedidos de desculpa pelos incómodos causados devido a problemas na circulação; resta-lhes apreciar a beleza de algumas das obras de arte presentes. Mais uma vez a arte nos ajuda a superar a realidade...
Como eu te percebo, Ana.
ResponderEliminarOs nossos políticos tornaram-se demagogos profissionais e fingem não ver a realidade...
Como é que querem que as pessoas deixem os carros em casa se os transportes públicos são caros e nem sempre eficientes...
Ter um carro dá-nos uma liberdade imensa. Mas eu sou uma utilizadora e defensora dos transportes públicos. E nesta situação, como em tantas outras, há um ciclo vicioso a funcionar: se por um lado os transportes não são os melhores, por outro o facto de quem podia andar neles não o fazer leva a menos investimento e a menor exigência... No caso do Metro é uma pena que se notem tanto as más opções que têm sido feitas na gestão...
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