terça-feira, 1 de abril de 2014

Os livros, os tamanhos, as capas ou como cada um os veste como quer

Esta coisa das modas é mesmo assim... Durante muito tempo era frequente encontrar, nos transportes públicos, mulheres que costumavam trazer consigo livros que eram transportados junto ao peito, com as capas viradas para fora, mostrando a todos que tinham um enorme orgulho em ler o último de José Rodrigues dos Santos ou outro best seller que, invariavelmente, tinha muitas páginas. Para mim, que já carrego sempre muito peso, uma das condições para escolher os livros que diariamente trago comigo é exactamente, ao contrário, a sua pequena dimensão. Nem sempre é possível mas com tantos livros para ler lá vou conseguindo.
De há algum tempo para cá, essas mulheres passaram a envolver os tais livros com umas capas de tecido. Mas não são uns padrões quaisquer. As flores, as cornucópias, as pequenas bolas, tudo em tons muito suaves, são os eleitos. Percebi, entretanto, que até as livrarias vendem essas capas feitas, sobretudo (lá está!), para os livros grandes. É como se certos livros pudessem tornar-se melhores ao apresentarem-se vestidos.
O meu livro, quando o tiro de dentro da mala, embrulhado num saco de plástico, na sua nudez, como quando o trouxe da livraria, não é tão vistoso, é verdade. Ainda hoje, uma senhora que agarrava um belo exemplar, envolto numa capa de pequenas riscas verde clarinhas, o olhou como se olha um maltrapilho do alto de um fatinho Chanel. Mas, depois de eu perceber que livro era, a diferença que pudesse existir entre os dois era largamente favorável ao meu. Pode não andar vestido, é certo. Mas é tão mais bonito!

4 comentários:

  1. :)) Também saio, quase sempre, ou sempre mesmo, com algum livro para ler :). Deploro os livros que vejo os outros a ler nos transportes do comboio... José Rodrigues dos Santos! Bah mas que perda de tempo! Há tantos escritores admiráveis, da literatura universal e da língua portuguesa, e ficar a ler José Rodrigues dos Santos, ou qualquer outro enredo de meia tijela? Que tristeza. E a vida é tão curta, o tempo é tão valioso. E quanto a capas, :), via de regra, oculto o título, às vezes forro o livro com papel de uma só cor, desses tubos que se vendem nas papelarias e nos supermercados. Outras vezes, forro-o com papel transparente; o mais prático de levar é o livro de bolso. Mas, alguns não cabem. Quando me apetece, exibo o titulo às claras! :))

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    1. Exibicionista! :))
      Por não ter quase tempo de ler em casa, é quase sempre nos transportes que o faço. Opto, até, por transportes como o comboio e o metro, em detrimento do autocarro, por neste ser mais difícil ler.
      Quanto ao que se lê eu também tenho exactamente essa percepção de que o tempo é muito pouco e por isso devemos escolher mais criteriosamente os livros. Mas a verdade é que somos livres de o fazer pelo que, quem quer ler Rodrigues dos Santos o deve fazer. Claro que o facto de haver muitas pessoas a ler determinados autores não tem tanto a ver com uma opção informada mas com as campanhas de marketing das editoras e a mediatização de alguns autores que, muitas vezes, orientam as escolhas. Mas essa é uma questão muito mais difícil de mudar pois tem a ver com razões mais profundas ligadas com a educação e cultura de base de cada um.

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    2. Sabes... realmente, a instrução que recebemos encaminha-nos rapidamente para aptidões profissionais. Torna-se difícil entrar no mundo puro da arte, literária, da história, da geografia, dos povos, da ciência, da Terra e do Cosmos... São saberes que só mais tarde vamos tacteando graças à divulgação cultural. Olha, eu por exemplo, só agora, tão tarde na vida, ando a conhecer Balzac, a quem os conhecedores apelidam do o «Homem-Oceano»! E é incrível a beleza, e a actualidade da sua escrita e crítica da sociedade, duzentos anos depois! Ler José Rodrigues dos Santos e não ler Balzac!? Nunca, nada me convencerá de que isso não seja um imenso dislate! :)

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    3. Pois, com essa comparação! :)

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