Notas para um discurso de encerramento
Foram as mais grandiosas Olimpíadas de sempre.
Participaram todas as nações conhecidas.
Resultados muito além do que seria de esperar.
A organização excedeu-se e merece os elogios
e o aplauso. Passados quarenta dias,
é tempo de entregar o testemunho
a mais uma cidade. Prudente omitir
como ficou pior o mundo nestes quarenta dias.
in José Ricardo Nunes, Versos Olímpicos, Deriva Editores, 2009, contracapa
Ficou pior? Não notei nada.
ResponderEliminarFica sempre pior... Ou, pelo menos, igual o que também não é bom.
EliminarForam os jogos que menos me interessaram entre todos os que, vagamente, tive notícia televisiva ao longo dos anos. E o que vislumbrei das cerimónias de abertura e de encerramento francamente não as achei interessantes: a industrialização replica-se noutras áreas geográficas do presente com não menor desumanidade, embora resgatando da miséria algumas centenas de milhões de novos amarelos proletários; o show-musical anglo-saxónico, a peso e a eito após meio-século de eclipse de tanta música do mundo, bela e não-saxónica, foi uma tortura evitada facilmente com o click de mudança de canal! :) De qualquer modo, confesso não sou admirador de disputas olímpicas :(
ResponderEliminarPercebo o teu ponto de vista. Eu, este ano, vi pouca coisa dos jogos. Pareceu-me, do que vi, que a cerimónia de abertura foi muito mais interessante que a de encerramento. Mas foram as duas, de facto, demasiado centradas na história inglesa. Quanto às transmissões das provas, em termos visuais, as câmaras agora permitem imagens espectaculares. Quanto a vencedores e vencidos também me é mais ou menos indiferente...
EliminarDesculpem meter a colherada e a pergunta, ou talvez não. Como anfitriões, deviam os ingleses dar destaque a outras culturas?
EliminarNeste caso nem considero uma atitude hegemónica. Agora, considero sim preocupante o acatamento, por exemplo, da colonização dessa cultura no nosso país e, ainda, aproveitamento da nossa como sendo deles (vinho do porto, chá das cinco, o algarve, etc.)
Obviamente, não precisa pedir desculpa. É claro que, sendo os jogos em Londres, seria de esperar que as cerimónias tivessem uma incidência na cultura inglesa. Tal como aconteceu em jogos anteriores e certamente acontecerá no futuro. Mas a questão é que os jogos olímpicos é suposto irem para além disso e confesso que os atletas comprimidos, no final, entre as estruturas que simulavam a bandeira inglesa me pareceu um bocadinho exagerado. Mas claro que isso não é assim tão importante... :) Quanto à "colonização" de que fala... Bem, eu acho-a uma palavra um pouco forte. São questões culturais que, ao longo da história, se foram interiorizando (menos o Algarve que nunca ouvi ser considerado inglês :)).
EliminarE eu que teria tanta coisa para dizer. Mas vou morder a língua pois, ao contrário dos restantes, poderia parecer parcial.
ResponderEliminarMas aqui não faz mal ser parcial... :)
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