À sua volta as luzes fortes e a música estridente das diversões enchem os olhos e os ouvidos de todos os que passam e que parecem não se incomodar. Também ele parece indiferente à algazarra. Olha as filas que se formam junto aos carrocéis que são novidade este ano. Ali, à frente da sua barraquinha, não está ninguém. Os cromados brilhantes, os nomes em inglês e os apelos gritados pelos altifalantes atraem o público, mesmo que aquilo que se paga por uma "viagem" que dura poucos minutos afaste algumas pessoas com bolsos menos recheados. A sua atitude contrasta com a dos outros feirantes. Vestido com fato e gravata, calado, limita-se a estar perto da espécie de teatro de fantoches onde três bonecos nos olham. Numa mesa, três bolas de pano esperam que alguém pague para as atirar contra os bonecos. Apenas isso. São quase iguais aos bonecos e bolas que se encontravam nas feiras na sua infância. De repente, o homem anima-se. Um pai aproxima-se com uma criança. No entanto o objectivo não é atirar as bolas mas utilizar a mesa para a criança se sentar enquanto o pai lhe ata os atacadores dos ténis. A criança nem olha para os bonecos. O homem olha para a criança. Está triste. Penso se para o ano ainda cá virá...
Sem comentários:
Enviar um comentário