Olhando para dentro do restaurante vejo os clientes que estão sentados junto às janelas que dão para a praça. Riem, numa atitude de quem está de bem com a vida. Frente aos pratos que contêm pouca comida estão, aparentemente, a apreciar a experiência gastronómica que algum cozinheiro afamado preparou.
Do lado de fora, mesmo junto ao vidro, um homem, que segura na mão um conjunto de almanaques Borda d'Água, lá vai entoando a cantilena para chamar a atenção para o que quer vender. Das suas mãos escorregam alguns exemplares que caem aos seus pés. Ninguém repara e o vendedor, cego, também não se apercebe. Dentro do restaurante os convivas continuam a rir.