Quando era criança, passava muito tempo em casa dele. Nas horas em que os meus pais não estavam era lá que eu ficava. Mesmo aos fins de semana era frequente irmos dar um passeio. O carro, um carocha, que permaneceu o carro da família até ao fim da sua vida, levava-nos, muitas vezes, ao Estádio Nacional. Às vezes íamos só passear por ali, apanhar ar, como ele dizia. Outras, aos passarinhos, prática censurável agora mas que, na altura, era relativamente comum. Ele gostava de atletismo e as provas no campo principal ou os treinos nos outros campos eram uma boa maneira de passar o tempo. Foi nessas tardes que percebi que também eu, como ele, seria do Benfica. Até hoje. Mesmo que o meu padrinho tenha desaparecido das nossas vidas já há 18 anos. Esta semana, mais uma vez, ele teria ficado muito contente. Não há uma única vitória do nosso clube que não me traga à memória aqueles momentos.
sexta-feira, 20 de maio de 2016
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Uma família americana
Dada a complexidade do processo para a eleição presidencial nos EUA, os resultados finais conseguem ser, por vezes, surpreendentes. E, desta vez, é, desde logo, a definição dos candidatos dos dois partidos que tem levantado questões que são, de alguma forma, novas. O fenómeno Trump é um dos casos que, sem dúvida, irá motivar a realização de muitos estudos na área da sociologia eleitoral. Deixando de lado aquilo que é afinal o mais importante: as suas ideias políticas; atentemos no conjunto de fotografias publicadas neste site (não sei se se trata de uma revista nem quais as circunstâncias da sua publicação original). Nelas o casal Trump e o seu filho, posam para a câmara, na sua casa de Nova Iorque. Aparentemente são imagens de 2010 pelo que não sei se a produção da altura se repetiria agora. Mas, pelo que se sabe, não seria impossível.
São 51 imagens de pura exibição de uma vida luxuosa que só poderá ser considerada em escalas aplicadas a um número ínfimo de famílias em todo o mundo. Claro que o cultivo dessa imagem, no mundo de negócios de Trump, poderá fazer sentido. Já quando pensamos num candidato a presidente de um país (mesmo que esse país seja os EUA) custa-nos enquadrar em qualquer quadro de referência aquela penthouse e tudo o que nela existe, desde os lustres cintilantes até às limousines e aviões com que Barron brinca; o helicóptero que se vê fora da janela; a quantidade de sapatos de Melania que talvez não chegue ao número de Imelda Marcos mas que impressiona; e muitos outros pormenores que chegam mesmo a chocar.
Pode-se argumentar, claro, que os presidentes anteriores fizeram o mesmo numa medida mais proporcional à sua riqueza pessoal e que os ranchos, os cavalos ou as casas de férias poderão valer tanto ou mais que tudo o que nos é dado a ver nestas fotografias; ou que essa exibição é comum a muitos membros de famílias reais, herdeiros de impérios comerciais, etc; ou ainda que muitos, como grandes traficantes de droga ou armas, só não o fazem porque não podem. Tudo isso pode ser verdade. E a publicação destas imagens agora poderá ter sido propositada, para causar um efeito negativo. Mas não é certo que tal aconteça, se pensarmos numa certa tendência para, em algumas situações, os eleitores aderirem, mesmo que no imaginário e de forma menos consciente, a um estilo de vida que muitos consideram de sonho.
Pelos vistos nas eleições primárias este estilo não foi um problema. Para mim a sensação de estar a ser agredida por esta ostentação é suficiente para me deixar bastante incomodada e a falta de pudor a ela associada assusta-me.
A idade nas idades
Por uma circunstância particular do meu percurso escolar, praticamente sempre fui a mais nova, quer nas escolas por onde passei, quer depois na vida profissional. Para mim sempre foi um motivo de regozijo e sobretudo uma oportunidade de aprender com os mais velhos e mais experientes.
Agora, com a passagem do tempo e o avançar da idade, estou naquela fase em que essa realidade se começa a inverter. Em determinadas situações, numa reunião, por exemplo, dou por mim a ser a mais velha. Não é que sinta demasiado o peso da idade; é só a estranheza da constatação, uma situação absolutamente inelutável que se a uns causa alguma ansiedade a outros deixa de rastos. Mas a todos suscita, pelo menos, alguma reflexão.
Para nos ajudar a visualizar a coisa, Nathan Yau, um estatístico, resolveu fazer, com base em dados do "American Community Survey", um gráfico (na realidade são 3 - para homens, para mulheres e para os dois sexos) onde conseguimos ver, em termos percentuais, quantas pessoas mais novas e mais velhas existem em cada momento da nossa existência. Se for feito com os dados mais adequados pode ser muito útil. De um ponto de vista pessoal é um exercício interessante. Por exemplo, de acordo com os dados utilizados (as diferenças demográficas serão significativas, certamente), para uma mulher com a minha idade, existiriam 35% pessoas mais velhas e 64% mais novas (o equilíbrio teria sido atingido por volta dos 38 anos). Pois...
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Uma guitarra a menos
Eu que já há tanto tempo não punha um disco de Prince a tocar; que a última vez que ouvi uma música sua foi numa festa em que dancei ao som do Kiss; que da sua extensa discografia tenho apenas dois LP's e um CD; que nunca o vi ao vivo; que não sei de cor a maior parte das canções; que a única que ainda sei na totalidade não foi cantada por si; que me irrita um pouco aquela forma de usar números e letras para representar palavras; que tendo a criticar o excesso de referências ao desaparecimento de determinadas figuras do meio artístico a quem, de repente, toda a gente deve alguma coisa ou onde foi beber uma qualquer inspiração; pois eu, mesmo assim, também sinto que quero deixar aqui uma referência à sua imensa arte. Como não me consegui decidir por nenhuma das suas músicas fica aqui uma canção de George Harrison tocada por um grupo de excelentes músicos e onde se destaca a guitarra de Prince.
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