domingo, 28 de fevereiro de 2010

Outro lugar

O gato era ainda pequeno. Mesmo assim parecia à vontade no meio daquele amontoado de objectos que, cheios de pó, se acumulavam em prateleiras um pouco improvisadas e no chão. À nossa entrada deslocou-se para uma posição em que nos podia ver mas que nos dificultava, a nós, a tarefa de o descortinarmos no meio dos cestos de vime, dos artefactos de madeira, das cadeiras artesanais, dos potes de vários tamanhos, que podíamos imaginar cheios de outros potes mais pequenos e outros artigos dirigidos aos turistas que, mesmo não sendo muitos, lá iam entrando de vez em quando. O Sr. Fernando estava sentado numa dessas cadeiras. Não fez qualquer menção de se levantar. Provavelmente por perceber que seríamos mais uns que acabariam por não comprar nada. Mesmo assim ainda perguntou: “de onde são?”, menos como interesse estatístico e mais como forma de conversar com alguém. A tarde estava quente e dentro da loja estava-se muito bem. Por isso foi fácil responder e ficar um pouco por ali. “Ah, de Lisboa?” e acrescentou: “eu trabalhei 42 anos em Lisboa”. Da conversa que se seguiu pude perceber que desses 42 anos guardava uma nostalgia que o acompanhava sempre. A sua vida tinha mudado muito desde que tinha voltado para a sua terra. A agitação da cidade estava agora muito longe. Mesmo nos meses em que a loja permanecia fechada as deslocações para fora da aldeia eram raras. Aquela era a sua terra mas a recordação dos dias felizes passava por outro lugar.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O singular e o vulgar

Tenho um livrinho das Fábulas de La Fontaine (escolhidas), numa edição da Livraria Chardron de Lello & Irmão (não consta a data), organizada por Matias Lima, onde, nas suas palavras, vários autores deram "uma nova e livre interpretação a algumas dessas fábulas". O resultado é muito engraçado. Por isso, de vez em quando, deixarei aqui uma dessas "lições de alta moral e sabedoria onde há muito que aprender, lições que interessam a todos, pois cada uma delas é um espelho que nos reproduz melhor do que o que temos em casa. Este é de vidro vulgar: retrata-nos na aparência. Aquele é de cristal puro: retrata-nos no íntimo." 

O Camelo

O primeiro que viu
Um camelo, fugiu…
Tal o espanto profundo!
Já o segundo
Se aproximou ligeiro.
Veio o terceiro:
Com decidido gesto
Pôs-lhe um cabresto.

Bem certo é isto:
O que era singular,
À força de ser visto
Transforma-se em vulgar.

                                  Matias Lima

in La Fontaine Fábulas (escolhidas) edição organizada por Matias Lima, Livraria Chardron de Lello & Irmão, Porto, p. 10

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

É pena...

Pandemonium Tour já não passar por cá. Gostaria muito de ver os Pet Shop Boys  (ou, como ouvi na TVE há muitos anos, "Los niños de la tienda de los animales domésticos") ao vivo!

Fica aqui um vídeo, muito passado na altura de maior glória deste grupo, que é uma versão de uma música anteriormente cantada por Elvis Presley e Willie Nelson.

Curso de vitrinismo precisa-se!

Ou pelo menos algumas noções básicas...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Anestesias

Nestes tempos atribulados em que muitos de nós gostaríamos de andar anestesiados eu tive a oportunidade de ficar, por algumas horas, longe do mundo. Era a minha segunda operação mas, por opção, tal como da primeira vez, decidi-me pela anestesia epidural, em detrimento da geral.

Tal como da primeira vez, também, apercebi-me que estar consciente, enquanto somos operados, causa algum stress pois ouvir as conversas entre médicos ou entre médicos e enfermeiros, quando a linguagem utilizada não é por nós totalmente compreendida, não é fácil mas, mais uma vez, a epidural revelou-se uma boa opção. De outra forma não poderia saber, ainda durante a operação, que o Benfica tinha vencido o Hertha de Berlim por 4-0. Digam lá se não foi uma óptima maneira de me animar.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O pré-operatório

Análises: O.K
Raio X ao tórax: O.K
Electrocardiograma: O.K
Tensão arterial: O.K
Auscultação: O.K.
Febre: não
Constipação: não
Problemas respiratórios: não
Problemas digestivos: não

Aí está a confirmação: até para se ser operada é preciso estar bem de saúde.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Temporal

Chove. A fúria do vento não cessa. Batida pela sua vergasta, a chuva esparrinha na vidraça, varre a rua de lembranças concretas. E uma memória antiga, pesada de augúrio, levanta-se-me no seu clamor, memória escura, anterior à vida. Assim o que relembro não tem face nem nome, é a forma oca de um limiar indistinto, pura anunciação de presença, obscuro alarme de uma aparição. Num longe imaginado, passam os ventos em linha, massas de névoa deslizam sobre a terra abandonada, uma voz de espaço ressoa à minha atenção suspensa. O que é certo e imediato, o que me vem à boca e tem nome, o que é exacto e mensurável, refugia-se na timidez da penumbra e do silêncio, porque a voz obscura que me fala transcende o passado e o futuro, vibra verticalmente desde as minhas raízes até aos limites do universo, aí onde a lembrança é só pura expectativa despojada do seu contorno, é só pura interrogação. Nesta hora absoluta, conheço a vertigem da infinitude, o halo mais distante da minha presença no mundo...

in Vergílio Ferreira, Carta ao futuro, Bertrand Editora, Lisboa, 1985, p. 19-20

Sabonete santo

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Marafonas

“Cruz de madeira vestida com aspecto de boneca, associada a cultos de fertilidade, utilizada para afastar o perigo das trovoadas”.

Várias destas bonecas, em miniatura, perfilavam-se no parapeito da janela de uma casa abandonada situada no percurso para o castelo. Era aí que a D. Maria interpelava os turistas que passavam. O mesmo fez comigo: “desculpe, senhora, não quer comprar uma bonequinha para as suas meninas?” O ar frágil dos seus 70 e muitos anos fez-me parar e dar dois dedos de conversa. “O meu marido está doente, sabe? Está de cama acolá naquela casa” e apontou para uma rua mais abaixo. “E a reforma é tão pequena que, para ajudar a comprar os medicamentos, à noite faço estas bonecas que vendo aqui.” Podia até nem ser exactamente assim. Mas, enquanto conversávamos, não pude deixar de reparar que o seu cabelo cinzento se confundia com o granito que ali imperava, quer nas enormes pedras que definiam o traçado das ruas, quer em blocos, constituindo as paredes das casas. A verdade do granito confundiu-se então, também, com a de quem nele se camuflava. Comprei-lhe duas bonecas.


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Uma das razões/poemas porque gosto de Ranjit Hoskoté

Effects of Distance
for Nancy

Call it providence if the day should turn
upon its hinges, letting light colonize
this empire of jars and shutters, this room.
A telegram on the rack spells hands that burn
because you did not reply, did not realise
that some words are too proud to remind you they came.

Blue is the colour of air letters, of conquerors’ eyes.
Blue, leaking from your pen, triggers this enterprise.
Never journey far from me; and, if you must,
find towpaths, trails; follow the portents fugitives trust
to guide them out and back. And at some fork,
pause; and climbing in twilight though you may be,
somewhere, address this heart’s unease,
this heart’s unanswered wilderness.

in Ranjit Hoskoté, Vanishing Acts: New and Selected Poems 1985-2005, Penguin Books, p. 63 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Uma das razões/poemas porque gosto de Ondjaki

À noite ser [materiais para...] [1/4/03]

dedos quietos que crescem
pele nua
brincadeiras como o amor
pêndulo solto de sonhos
lógicas sacudidas
olhar de só-assim
modos de chegar como sementes
manobras de artesão contra o ego
desafio do «eu»
nudez de pele
de mãos
e (sob os teus olhos)
invenção de um sólido espanador de tristezas.

in Ondjaki, Materiais para confecção de um espanador de tristezas, Caminho, p. 39

Todas as mulheres são Jane Eyre

Gostei muito desta série de litografias (2001-2002), em especial deste retrato de costas.

Imagem copiada daqui

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carnaval com cores e máscaras


O dia muito cinzento e frio convidava a ficar no interior. Ficámos então no interior deste edifício a que Paula Rego não quis chamar museu e que, por isso, se chama "Casa das Histórias". Acabou por ser uma tarde cheia de cor, de máscaras, de transfiguração. Uma boa tarde para um dia de Carnaval, portanto. 



imagem do "Príncipe Porco" e de uma das litografias a que serviu de modelo copiada daqui

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Palavras cintilantes



O brilho desta estrela custou a chegar. De facto foi já há mais de um mês que vi este filme e confesso que, na altura, o achei um pouco monótono (apesar da presença de uma face tão bela quanto a do actor Ben Whishaw).

A história, baseada na vida do poeta inglês John Keats, é a do amor romântico que viveu com Fanny Brawne e que a sua morte, devido à tuberculose, interrompeu.

Jane Campion, a realizadora, gosta de dar às mulheres dos seus filmes uma força que, provavelmente, na vida real, elas não teriam. Esta Fanny é também, apesar de muito jovem, uma mulher inteligente e determinada que sabe que não vale a pena viver se não se viver intensamente. E essa intensidade é adquirida através da poesia, das palavras que aproximam as pessoas, que traduzem sentimentos, que nos ensinam sempre mais sobre nós próprios. É essa intensidade que as palavras nos transmitem, que este filme nos sugere. Isto, a par da descoberta da poesia de Keats, que não conhecia bem, fez-me reconhecer a sua beleza.

[Por curiosidade li algures que Quentin Tarantino gostou tanto dele que fez questão de escrever uma carta a Jane Campion a dizer-lhe isso mesmo].

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Vai uma dentada?

Depois das sagas escritas e em filme e de séries de televisão já mais antigas com este tema verificamos, hoje em dia, a proliferação de séries juvenis cujos protagonistas são vampiros, ou candidatos a vampiros, ou apaixonados por vampiros. A SIC e a TVI já têm as suas. Será que a RTP também vai considerar uma prioridade seguir esta tendência? A bem do serviço público espero que não! Já não há paciência para tanto argumento rebuscado para alimentar histórias de famílias que bebem sangue às refeições e que não podem sair de casa à luz do dia.

Precipitação

Hoje, enquanto as lojas de flores, de chocolates, de perfumes, se enchiam de namorados e namoradas havia quem se decidisse por um livro. E nada melhor que um com um grande coração vermelho na capa. Foi isso que fez o rapaz à minha frente na fila da livraria. Parecia bastante satisfeito com a sua escolha. De repente pareceu olhar melhor e finalmente deve ter lido o subtítulo (qualquer coisa como “alimentos que fazem bem ao coração”) e a frase que dava conta do apoio à edição por parte da Fundação Portuguesa de Cardiologia. Não devia ser bem o que pretendia pois de imediato saiu da fila para voltar a colocar o livro onde ele estava. Não percebi qual o livro que escolheu de seguida. Ou, se calhar, decidiu-se antes por umas flores, uns chocolates ou um perfume.

Carnaval musical

Muitas pessoas, incluindo muitas crianças, estiveram hoje de manhã no CCB para assistir ao Concerto de Carnaval. As máscaras estavam presentes tanto do lado do público como no palco. Um grupo de percussões da Metropolitana fez (e muito bem) as honras de abertura. As três peças seguintes foram também muito bem executadas. O preço convidativo e os comentários (que para os mais puristas devem ser uma afronta), que ajudam a compreender as circunstâncias da criação, os compositores e a estrutura das próprias peças, são fundamentais para tornar mais acessível a todos a música clássica. No final o público parecia satisfeito. Uma boa forma de festejar o Carnaval.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

ADAS (Advanced driver assistance systems)

Tenho um carro que, de acordo com os padrões actuais, se pode considerar velho. Mas como, até agora, não me deu grandes problemas e serve as minhas necessidades diárias, nunca pensei seriamente em comprar um novo.

E a realidade é que tenho a sensação que não conseguiria conduzir um automóvel que soubesse mais que eu.

ACC ( Adaptive cruise control); CAS (Collision avoidance system ); ISA (Intelligent speed adaptation or intelligent speed advice); PPS (Pedestrian protection system) ; ALC (Adaptive light control); AP(Automatic parking); I-VNS (In-vehicle navigation system) são apenas alguns dos sistemas que actualmente os automóveis possuem para nos mostrar que já que nós não sabemos evitar acidentes e embaraços vão ser eles a chamar a si essa tarefa. Só que eu, sinceramente, vou ter que fazer uma tão vasta reciclagem que me parece que ainda não é desta que vão parar de olhar para mim enquanto faço uma manobra, utilizando a força dos meus braços e não a Direcção Assistida… OK, o meu carro é mesmo velho.

Destruição


Lisboa, Novembro 2009

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Aprendizagem activa

A minha filha mais velha foi, esta quinta-feira, visitar a Assembleia da República. Do que ouviu no plenário diz que não percebeu nada. Teve azar: o Orçamento de Estado e as Grandes Opções do Plano não são propriamente um tema sedutor para uma miúda de 11 anos. O que ela e os colegas mais gostaram foi de observar o comportamento das figuras mais conhecidas da televisão. Quem gritava mais, quem esbracejava mais, quem se mexia mais na cadeira. Pelo menos hoje a sala estava composta pelo que a ideia com que ficou do Parlamento foi de um local com muita gente onde se discute muito. Não foi mau.

Como entraram por volta das 14.30, e eu tinha-lhe dito que era dia de manifestação, ela esteve atenta ao exterior. O comentário que fez foi: “aquilo é que é uma manifestação? Só vi umas pessoas lá paradas a conversar”.

Calçada da Bica Grande

Do interior, muito claro, nenhum barulho nos chega. Agora a tesoura e a navalha passam a maior parte do tempo pousadas, em cima do móvel com espelho, onde já muitos se olharam. Nem do pássaro preso na gaiola, junto à janela, sabemos se ainda canta.

De bata azul, sempre muito limpa, a fumar, o barbeiro passa a maior parte do dia à porta. Os clientes, velhos conhecidos, continuam a passar por ali, descendo as escadas mais devagar. Mas agora é cá fora que dão dois dedos de conversa. Será a falta de dinheiro que os leva a entrar tão poucas vezes? Ou será a vontade de não se confrontarem consigo próprios? É que, lá dentro, o espelho é o mesmo. Eles é que não.

Uma das mais belas praças de Lisboa

Praça de S. Paulo, Janeiro, 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"It's like I told you..."

Um dos álbuns que mais ouvia lá em casa, no princípio dos anos 80 :


O que eu gostava da voz da Martha Davis!

"Vai alta a lua! na mansão da morte..."

S. Valentim, associado ao dia dos namorados, faz pensar em situações de início de qualquer coisa, de começo, de nascimento. Por isso não deixa de ser estranho vermos uma promoção de S. Valentim na montra de uma agência funerária.


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Uma das razões/poemas porque gosto de Manuel de Freitas

Duas vezes nada

É assim, amiga. Encontramo-nos
quando calha nos bares de antigamente,
deixando que sobre o tampo azul
das mesas volte a pousar
um baço cemitério de garrafas.

Constatamos o pior, os seus aspectos.
Corpos e livros que foram ficando
por ler na voracidade da noite de Lisboa.
De facto, crescemos em alcoolémia,
acordamos tarde, em pânico,
e perdemos os dias e os dentes
com uma espécie de resignação.
Não temos, ao que parece, serventia.

Sorrimos um pouco, ao terceiro
gin, como quem renasce para a morte,
seus gestos de ternura ou de exuberância.
Talvez tenhamos calculado mal
o ângulo da queda, esta vitória
sem nobreza dos venenos todos.

Mas agora é tarde. Tudo fechou
para nós, para sempre. O amor,
o desejo, até o onanismo da destruição.
Antes de procurares a esmola
do último táxi, fica esta imagem
parada, a desvanecer-se
no frio mais frio da memória:

não dois corpos sentados a trocarem
medo, cigarros e palavras póstumas,
mas duas vezes nada, ninguém,
o silêncio da noite destronando
as cadeiras onde por razão nenhuma
nos sentámos. Os anos, amiga, passaram.

in Manuel de Freitas, [Sic], Assírio & Alvim, p. 52

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Hora de encerramento: 17

Um cemitério, ao final da tarde de domingo. Chovia e até o quiosque das flores estava já fechado. À porta o funcionário fumava um cigarro protegido por um oleado que já nem a chuva conseguia lavar. A entrada de alguém àquela hora não era bem-vinda. Para mais quando, perante a dificuldade em encontrar uma sepultura, o visitante se lhe dirigiu em busca de ajuda. A atitude solícita, não escondia, porém, a vontade imensa de resolver o assunto rapidamente e de fechar o portão daquele local de trabalho tão pouco acolhedor. Mesmo assim levou o visitante para dentro. A sala de trabalho, com móveis de escritório que já tinham tido melhores dias, apresentava um aspecto bem mais deprimente que as sepulturas enfeitadas com flores que se viam no exterior. A lama no chão tornava o linóleo acastanhado. A um canto, alguns pequenos caixões, que servem para conter ossadas, aguardavam. Em cima da mesa, um cinzeiro transbordava a cinza que se espalhava sobre papéis, canetas e o parco material de trabalho.
Dada a informação estava finalmente na hora de encerrar e de voltar para o mundo dos vivos.

Caixa para o pão ou elmo?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

“Mastering the Art of ” Acting



Vi este filme há pouco mais de uma semana. Na minha opinião o argumento não é excepcional. As personagens não têm uma densidade psicológica significativa. Talvez o facto de serem duas mulheres que amam cozinhar tivesse dificultado a minha identificação com Julia e Julie. Nem o facto de uma delas ter criado um blogue para mudar a sua vida me entusiasmou. Mas uma coisa é certa: Meryl Streep prova-nos, mais uma vez, que é uma actriz extraordinária. Não é por acaso que a nomearam para mais um Óscar pela sua interpretação neste filme. Não é só o sotaque e a composição física da personagem que nos causam um impacto enorme. Ela é daquelas actrizes singulares que, em cada nova personagem que encarnam, nos fazem esquecer que são apenas actrizes. Neste filme ela é Julia Child. Não sei se a verdadeira Julia Child seria assim. Mas não duvido que, a partir de agora, é assim que a recordarão.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Quem anda à chuva...


Ver o canto superior direito

Não sei qual foi a ementa no famoso almoço de dia 26 de Janeiro no Hotel Tivoli. Não devem ter sido almôndegas. Mas com esta “participação especial” de Mário Crespo, na dobragem deste filme, facilmente se faz uma associação entre as bolas de carne e o ódio contido em algumas afirmações. Só não percebi ainda se a personagem dobrada por Crespo é a que se vê atingida pelas ditas almôndegas (que parecem vir em fogo) ou se é a que as lança!

Sequência sem rede

Setembro, 2009

Might as well face it…

A propósito de Elkie Brooks que, nos anos 60/70, com ele (e Pete Gage) participou na banda Vinegar Joe, relembro Robert Palmer e uma das suas músicas de referência, de 1986, depois cantada por outros artistas como Tina Turner.

Este vídeo, com R. Palmer e um conjunto de modelos com pernas esguias, uma pele muito branca, cabelo muito escuro e maquilhagem carregada passava vezes sem conta na televisão.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Eu não queria ir, mas...

Depois dos autocolantes que dizem eu vou e dos que dizem eu não vou vão ter que fazer outros que dizem: eu não ia, mas… Ou então: eu não queria ir, mas…

É que eu nunca fui ao “Rock in Rio”, nem tinha intenção de ir mas, depois desta notícia, já não aguento a excitação, o entusiasmo, a pressão da minha filha mais nova que desde ontem (e ainda falta tanto tempo) não deixa de falar no assunto… Socorro, já não posso ouvir falar mais da Hannah Montana!

A Solo

Setembro, 2009

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Receitas especializadas

Da Sicília para o mundo

E porque nem tudo são memórias...

Aí está uma autora, compositora e intérprete italiana com bastante interesse. Chama-se Carmen Consoli. Já publicou um número considerável de álbuns, o último dos quais em Outubro do ano passado. Gosto sobretudo dos textos.  

Este tema, ao vivo, chama-se Maria Catena e é do álbum de 2006, "Eva contro Eva".



Obrigada, Joana.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

She stands up...

Descobri que esta senhora ainda agora lançou um novo disco. Esta canção, a mais conhecida dela, penso eu, é do álbum de 1977, “Two Days Away” (um dos primeiros discos que comprei). Nem era preciso referir a data porque o vídeo é tão marcado em termos temporais que não dá para enganar.

Uma varanda sobre Lisboa

Janeiro, 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Para vestir as árvores...

Passavam poucos minutos das 9 da manhã. Fazia frio, muito frio. Num jardim deserto do subúrbio, sentada num banco, sob as árvores completamente despidas, uma rapariga, com pouco mais de 20 anos, tricotava. Não percebi o quê. Mas a mancha de lã que estava no seu colo era verde.

Os artistas

Setembro, 2009

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Decrete-se: é obrigatório ouvir Lobo

Há quem o queira comparar a Carlos Paredes. Talvez porque o primeiro álbum, “Mudar de Bina” tivesse uma dedicatória e porque, ao ouvir Norberto Lobo, não podemos deixar de nos lembrar daquele músico fundamental. Mas ele é mais do que isso. É Norberto Lobo. A forma como só tem olhos para a sua guitarra (clássica, não portuguesa) deixa-nos completamente rendidos. No próximo mês vamos ter oportunidade de experimentar, ao ouvi-lo, muitas emoções. Eu já tenho bilhete.

Deixo aqui, precisamente, um tema do primeiro álbum. Para relembrar um mais recente podem vê-lo aqui.

Quando os vasos não são precisos

Dezembro, 2009